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26.7.07

Professores de Técnicas Especiais poderão passar aos quadros do M.E.



Os professores de técnicas especiais que exerçam funções como contratados há mais de dez anos poderão integrar os quadros de zona pedagógica a partir de Setembro, anunciou hoje a FNE.
De acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos de Professores (FNE), que hoje reuniu pela última vez com o Ministério da Educação para negociar um projecto de decreto-lei relativo a estes professores, que leccionam disciplinas técnicas ou artísticas como teatro ou comunicação, por exemplo, ficou "assegurado um novo regime de estabilidade".Assim, o diploma "contempla a integração dos docentes nos quadros de zona pedagógica, desde que exerçam funções como contratados, há pelo menos dez anos, independentemente do número de horas lectivas atribuídas em cada ano".Esta já era uma reivindicação antiga dos sindicatos de professores, tendo o ME acolhido uma recomendação da Assembleia da República, que em Março do ano passado emitiu uma resolução, aprovada por unanimidade, que instava o Governo a integrar estes professores nos quadros da carreira docente.A segunda maior federação sindical congratulou-se ainda pelo facto de estes docentes ficarem dispensados da profissionalização, desde que preencham os requisitos exigidos para os restantes docentes nas mesmas condições.Por outro lado, a FNE lamenta que nem todos os docentes de técnicas especiais fiquem com a sua situação laboral resolvida, nomeadamente os que não têm contrato há pelo menos dez anos.

30.5.07

Festival Panos - Palcos Novos Palavras Novas











Terminou no passado dia 27 de Maio, na Culturgest, Lisboa, a II edição do Festival Panos – palcos novos palavras novas. O festival inspira-se no projecto NT Connections do National Theatre de Londres, que existe desde 1993 e já foi “adoptado” por outros países, caso de Portugal através da Culturgest.
O Panos procura aliar a prática do teatro pelos jovens em idade escolar e a produção de novas peças, expressamente escritas para essa faixa etária.
Tal como na I edição, em 2006, foram encomendados dois originais a escritores portugueses: Auto do Branco de Neve de Armando Silva Carvalho e Copo Meio Vazio de Alexandre Andrade. Foi traduzido um texto que tinha integrado o Connections 2005: Justamente de Ali Smith, com tradução de Miguel Castro Caldas.A Culturgest editou as três peças, tal como tinha acontecido na edição amterior.
Os grupos inscritos escolheram um dos três textos e propuseram-se levá-lo a cena. Houve contactos regulares entre autores, encenadores convidados e os grupos de forma a, durante o ano lectivo, haver um acompanhamento e orientação com vista à apresentação final.
Dos 25 grupos que participaram na edição de este ano, 18 conseguiram estrear dentro do prazo estabelecido, tendo sido escolhidos sete para fazerem uma apresentação na Culturgest. Foram usadas duas salas: o palco do grande auditório, onde foi montada uma plateia amovível, e o pequeno auditório. O público era eminentemente escolar e em grande parte das escolas participantes.Os espectáculos apresentados pautaram-se por boa qualidade, havendo um grande espírito de confraternização entre os alunos dos vários grupos.
O festival Panos, ultrapassado que parece estar o modelo dos Encontros de Teatro na Escola, de que não temos qualquer notícia, afigura-se como um projecto essencial e que poderá ajudar a dinamizar o nosso teatro escolar. Estão, pois, de parabéns os grupos participantes e Francisco Frazão, programador de teatro da Culturgest.
Contudo, os festivais de teatro escolar só farão verdadeiro sentido se não continuarem a ser “exemplos” felizes de algumas escolas, mas forem a expressão de uma democratização e de um verdadeiro acesso de todos os alunos ao ensino artístico, dentro do nosso sistema de ensino. Esse patamar de qualidade não se atingirá com clubes de teatro, que funcionam num ano para morrerem no seguinte, mas como a dignidade do teatro como disciplina curricular, com professores com a devida habilitação, como de resto acontece para qualquer outra disciplina.
Um exemplo da força do teatro na escola, e também do “desprezo” com que o Ministério da Educação o continua a tratar, é-nos dado pelo Grupo de Teatro Espirros do Norte da E.S. Padre Benjamim Salgado (Joane). Todos os seus elementos tiveram a opção de teatro no 9º ano, chegados ao 10º acabou o teatro ( a OED foi extinta há já alguns anos). Resolvem então reunir-se e formar um grupo de teatro. Como a escola não tinha sala apropriada ensaiaram numa associação próxima. Como não tinham professor responsável, encenaram eles, em conjunto, acabando por serem escolhidos para estarem na apresentação final, na Culturgest. Parabéns “Espirros”!
As inscrições para o Panos 2008 já estão abertas (inf. www.culturgest.pt)










Festival Panos 2007
Grupos seleccionados para a apresentação na Culturgest ( 25 a 27 de Maio)

Auto do Branco de Neve de Armando Silva Carvalho
Grupo de Teatro Espirros do Norte da ES Padre Benjamim Salgado (Joane, Famalicão)
Teatro Reticências da ES Leal da Câmara (Rio de Mouro)

Copo Meio Vazio de Alexandre Andrade
Teatro Viriato (Viseu)
Grupo de Teatro NA XINA LUA da ES/3 Tondela

Justamente de Ali Smith, com tradução de Miguel castro Caldas
Clube de Teatro da ES Albufeira
Colégio Sagrado Coração de Maria (Fátima)
Teatro do Gil da ES Gil Vicente (Lisboa)

Grupos participantes:

CERCICA – Cooperativa para a educação e reabilitação de Cidadãos Inadaptados (Cascais)
Clube de Expressão Dramática da EBI Marinhais do Sal (Rio Maior)
Clube de Teatro da ES Albufeira
Clube Teatro ES/3 Dr. António Carvalho Figueiredo (Loures)
Colégio Sagrado Coração de Maria (Fátima)
EB2,3 Alto do Moinho (Loures)
EB 2,3 Milheirós de Poiares (S. Maria da Feira)
ES Prof. Reynaldo Dos Santos (V.F. Xira)
Express’ar-Te da Es/3 Afonso Lopes Vieira (Leiria)
Externato Delfim Ferreira, Riba d’Ave (Famalicão)
Grupo de Teatro Espirros do Norte da ES Padre Benjamim Salgado (Joane, Famalicão)
Grupo de Teatro NA XINA LUA da ES/3 Tondela
Grutesco, Grupo de Teatro da ES Amadora
Teatro Devisa da ES Rocha Peixoto ( Póvoa do Varzim)
Teatro do Gil da ES Gil Vicente (Lisboa)
Teatro Reticências da ES Leal da Câmara (Rio de Mouro)
Teatro Viriato (Viseu)


23.5.07

FENPROF - Reunião de Professores de Técnicas Especiais



Membros da Comissão Instaladora da Aproted estiveram presentes na reunião que se realizou no passado dia 17 de Maio, na sede da FENPROF, em Lisboa, com o objectivo de analisar a situação profissional dos professores contratados de Técnicas Especiais.
Na reunião foram aprovadas, por unanimidade, duas moções que foram entregues ao Ministério da Educação.
Na primeira Moção exigiu-se o cumprimento da Resolução da Assembleia da República nº 17/2006 que recomendou ao Governo medidas tendentes a solucionar a precária situação profissional dos professores de Técnicas Especiais.
Na outra Moção, manifestou-se a preocupação dos docentes de T.E. relativamente às alterações introduzidas pelo Decreto-Lei 35/200/ de 15 de Fevereiro, que prevê o uso de contratos de prestação de serviços, a tempo parcial, para os docentes, o que iria agravar a situação dos professores de TE, contrariando a Resolução da Assembleia da República. Foi, ainda, proposta a continuação da contratação anual (ano lectivo) e que os docentes passem a integrar, obrigatoriamente, os quadros do M. E. ao fim de um determinado número de anos de serviço (a estabelecer) .
Os membros da APROTED chamaram a atenção para o facto de a situação dos professores de Técnicas Especiais ter uma dimensão nacional e não se circunscrever às escolas especializadas do ensino artístico de Lisboa e Porto. Foi, ainda, por nós referido que a generalidades das contratações de técnicos especiais não visam suprir necessidades temporárias do sistema, antes são necessárias ao normal desenvolvimento das actividades lectivas, sendo previstas e planeadas atempadamente pelas comissões executivas das escolas.
A FENPROF foi mandatada para desenvolver as acções que entenda adequadas para a defesa dos direitos dos professores de Técnicas Especiais, nomeadamente negociações com o Ministério da Educação, reuniões com a Comissão de Educação da Assembleia da República e com o Provedor de Justiça.

13.3.07

Conclusões do Debate APROTED/DNE - O Teatro-Educação e o Ensino Artístico Generalista no Sistema Educativo


Debate Nacional sobre Educação









Como vamos melhorar a educação nos próximos anos?


1. Identificação do debate

Tema do debate:
O Teatro-Educação e o Ensino Artístico Generalista no Sistema de Ensino

Painel 1 - Como foi acolhido o Teatro-Educação pelo sistema educativo?

Manuel Almeida e Sousa - Escola Secundária Passos Manuel
Fernando Rebelo - Escola Secundária Cacilhas Tejo

Painel 2 –Como se poderá melhorar o ensino artístico generalista?
Lucília Valente - Universidade de Évora
Amilcar Martins - Universidade Aberta
Domingos Morais - Escola Superior de Teatro e Cinema
Firmino Bernardo - Escola Secundária c/3º Ciclo do Pinhal Novo
Moderador: António Silva - Escola Secundária Santa Maria
Data: 16Dezembro de 2006
Local de realização:
Livraria Almedina – Atrium Saldanha - Lisboa
Participantes: cerca de vinte participantes / Professores do Ensino Superior, Básico e Secundário dá área do Teatro-Educação/Expressão Dramática e ou Ensino Artístico.
Organizado por:
APROTED – Associação de Professores de Teatro-Educação



2. Síntese do debate

Problemas e dificuldades identificados:
- O Teatro-Educação/Expressão Dramática, enquanto disciplina curricular da área do ensino artístico generalista, tem tido um percurso acidentado dentro do nosso sistema educativo, não havendo uma verdadeira aposta na sua generalização e implementação em toda a rede escolar.

- Verifica-se, também, que há uma desarticulação curricular na disciplina, bem como em todo o ensino artístico generalista, não estando previstas precedências, continuidade e progressão nas aprendizagens, ao longo dos vários ciclos de ensino, de forma a que o aluno possa ir cimentando conhecimentos e competências durante o seu percurso escolar.

- Relativamente ao pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, constata-se que, nas últimas décadas, houve uma progressiva inclusão das expressões artísticas (nomeadamente a expressão dramática) na formação dos educadores de infância e dos professores do 1º ciclo. Contudo, as horas de formação nestas áreas revelam-se insuficientes para que os professores dominem essas competências e as apliquem, efectivamente, na sala de aula. Tal facto, leva a que, em geral, se considere insuficiente a prática das expressões artísticas por parte dos alunos que frequentam estes níveis de ensino.

- Ainda no que concerne ao 1º ciclo, vários participantes no debate, manifestaram a sua preocupação e estranheza relativamente ao modo como foram introduzidas as Actividades de Complemento Curricular.
Não pondo em causa o valor e pertinência destas actividades, consideram que houve uma abusiva e não sufragada medida administrativa que voltou, na prática, a retirar as expressões artísticas do currículo, “inferiorizando-as” em relação a outra áreas disciplinares e desvalorizando o papel central e fundamental do currículo na organização e orientação das diversas instituições escolares e agentes educativos.
Por outro lado, e conforme tem sido noticiado nos órgãos de comunicação social, é preocupante o crescente número de irregularidades detectadas no modo como essas actividades estão a funcionar, sendo que muitos professores/monitores parecem não ter quaisquer habilitação/formação artística e pedagógica para leccionarem essas actividades de complemento curricular.
Estranha-se também que, ao invés do que as boas práticas aconselham, a expressão dramática como disciplina aglutinadora de várias expressões, e fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criança, não tenha sido proposta pelo ME como uma das actividades centrais do complemento curricular.

- Quanto ao 2º Ciclo, verifica-se que o teatro/ expressão dramática, presente no 1º ciclo, deixa de fazer parte do currículo, interrompendo-se, assim, a progressão e continuidade da aprendizagem.

- No 3º ciclo, a disciplina volta a integrar o currículo com a designação de Oficina de Teatro, sendo uma das opções artísticas que as escolas podem oferecer aos alunos.
No 7º e 8º ano, a disciplina tem uma carga horária semanal de 90 minutos, mas os alunos podem frequentá-la, apenas, durante metade do ano lectivo, pois a turma é subdividida em dois grupos em alternância com outra opção artística/tecnológica.
Verifica-se que apenas um semestre lectivo é insuficiente para leccionar o programa estabelecido e muito prejudicial para a aprendizagem, pois interrompe o processo após a fase preparatória e quando se começa a dispor de condições para um trabalho profícuo.
Como positivo, salienta-se o facto de se poder trabalhar com metade da turma, o que é fundamental dadas as características das disciplina.
Já no 9º ano, embora os alunos possam frequentar a disciplina durante todo o ano lectivo, a turma não é dividida o que torna muito difícil o trabalho devido ao elevado número de alunos, dificultando que se alcancem os objectivos da disciplina.

- No Ensino Secundário, com a extinção da Oficina de Expressão Dramática (bem como a Oficina de Artes) na última revisão curricular, houve um retrocesso e este grau de ensino deixou de ter qualquer oferta de ensino artístico generalista, o que se considera grave e preocupante.

- Relativamente aos recém criados (no ensino secundário público) cursos profissionais de teatro, verifica-se que existe apenas um a funcionar em todo o país, não permitindo o M.E. a contratação dos docentes especializados necessários, de forma a dar uma efectiva e real profissionalização aos formandos do curso.

- Foi, igualmente, tida como muito negativa a incongruência da progressão do Teatro-Educação (e de outras disciplinas artísticas) ao longo do processo educativo do aluno. A disciplina existe no currículo do 1º ciclo, deixa de existir no 2º ciclo, volta a constar no 3º ciclo e torna a não existir no secundário.
A nível histórico a disciplina manteve, igualmente, este carácter transitório. No final dos anos 70 foi introduzida como opção no 9º ano de escolaridade. No início dos anos 90 é retirada do 3º ciclo e inicia-se a OED - Oficina de Expressão Dramática - do secundário. Com a última revisão, é extinta a OED no secundário e inicia-se a Oficina de Teatro do 3º ciclo.
Tal situação, ao longo de décadas, para além de não permitir aprendizagens sólidas, tem originado o desaproveitamento, e exclusão do sistema de ensino, de inúmeros docentes que vinham desenvolvendo actividades de reconhecida qualidade na área do Teatro-Educação. Há também escolas em que os espaços e equipamentos melhorados e adquiridos ao longo de vários anos para a prática do teatro/expressão dramática ficam ao “abandono” aquando se dá a extinção da disciplina ou não é permitida a contratação de um professor habilitado.

- A inexistência de um grupo disciplinar/recrutamento de Teatro-Educação, à semelhança dos que existem para as demais disciplinas do sistema educativo, foi tido como uma das principais causas para não haver uma maior implementação da disciplina e para um efectivo aumento da qualidade do ensino ministrado. Tal situação impede a estabilidade e continuidade dos docentes de teatro nas escolas, bem como a consolidação dos projectos educativos que desenvolvem. Por outro lado, tal situação não motiva a procura deste tipo de formações por parte dos candidatos ao Ensino Superior.

- Tido, também, como muito prejudicial para o sucesso da disciplina e da qualidade do ensino foi a permissão, quando não obrigação, por parte do ME e direcções das escolas, de todo e qualquer docente, mesmo sem qualquer formação teatral ou artística, leccionar a disciplina. Por outro lado, a falta de critérios de selecção adequados e uniformes no recrutamento de professores de teatro através do concurso de técnicas especiais, tem permitido que para disciplinas que têm um programa nacional aprovado pelo M.E., cada escola crie os seus próprios critérios, o que leva a situações de grave desigualdade e injustiça, havendo professores formados e profissionalizados em Teatro-Educação que são preteridos em favor de candidatos sem qualquer formação académica, ou outra, na área, com repercussões óbvias na qualidade do ensino ministrado.

- Foi também referido, conjugando dados da APROTED com o M.Educação, que haverão, em todo o país, mais de 350 escolas que oferecem a Oficina de Teatro do 3º ciclo, estranhando-se , pois, que tenham surgido a concurso por anúncio público, como é de lei, um número inferior a 10 escolas, o que é preocupante.

- Relativamente aos espaços para a prática do teatro/expressão dramática nas escolas, verifica-se que já existem escolas com salas e equipamentos razoáveis, quase sempre devido à escola já ter tradição nessa área. Contudo, a generalidade das escolas continuam a não ter salas nem equipamentos adequados.

- Os intervenientes consideraram como muito positivo o aumento da oferta de cursos superiores da área do teatro e teatro-educação (e de outras áreas da educação artística), que surgiram ao longo da última década em várias regiões do país. Tal situação pode proporcionar o melhoramento do teatro/expressão dramática dentro do sistema educativo, bem como a animação e educação pela arte através de outras estruturas e agentes que não os do ensino oficial.
Parece, contudo, não haver uma adequada estruturação, aproveitando as alterações suscitadas pelo Acordo de Bolonha, entre o M. Educação, M. Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, as Universidades e Escolas Superiores, de forma a “aproveitar” os formados nesses cursos para a implementação, a nível nacional, de um efectivo ensino artístico generalista e especializado no sistema educativo.

- Foi ainda referido a necessidade de as universidades formarem, para além de professores, outros especialistas na área da educação artística, aproveitando as valências e contributo das artes em diversas e múltiplas áreas profissionais e sociais.

- O audiovisual, a internet, o on-line, são ainda pouco usados, mas são meios de comunicação e instrumentos de formação que as universidades devem apostar ( caso da U. Aberta) permitindo um alargamento a outros sujeitos de aprendizagem.

- Ainda no domínio da formação académica nas áreas artísticas vocacionada para o ensino, foi tida como preocupante a tendência para centralizar essa formação nos departamentos de pedagogia, o que seria redutor e contraproducente.

- Pelo debate constatou-se, pois, que tem havido algum progresso, mas também retrocessos, na implementação do ensino artístico, quer generalista, quer especializado, no nosso sistema de ensino.
Há mais de cinco décadas que os nossos especialistas têm vindo a debater a inclusão da educação artística no ensino, a par com outros países pioneiros nestas medidas, contudo, apesar de existirem directrizes que aprovam e orientam essa inclusão, as práticas da educação artística no sistema educativo continuam a ser de fraca qualidade, pouco abrangentes, e frequentemente remetidas para o extra-curricular ou conotadas com actividades de ocupação de tempos livres, o que importa contrariar.

Medidas de intervenção propostas:
- A reformulação e articulação dos currículos do teatro educação, e do ensino artístico generalista, de forma a que haja uma oferta ampla de disciplinas artísticas disponíveis para frequência por todos os alunos nos vários ciclos e graus do sistema de educativo, proporcionando uma contínua e progressiva educação artística.

- Foi considerado imprescindível a criação de um grupo disciplinar/recrutamento da área do Teatro-Educação, possibilitando a criação de um quadro de professores com habilitação académica e profissional nesta área, em comum com as demais disciplinas.


- A criação de critérios de selecção justos, e uniformemente aplicados a todos os candidatos, nos concursos de Técnicas Especiais/área do Teatro-Educação, por parte do M.E., que tenham em consideração a habilitação académica e profissional dos candidatos na área específica.

- O aumento do número de horas de formação na área das expressões artísticas, para os educadores de infância e professores do 1º ciclo.

- O incremento, e retorno à dignidade e centralidade curricular, da prática das expressões no 1º ciclo, com a colaboração de um professor coadjuvante especialista, sempre que possível e necessário.

- Uma rigorosa e isenta avaliação do processo de implementação das actuais Actividades de Complemento Curricular do 1º ciclo.

- A alteração para disciplina anual, mas mantendo a divisão das turmas em dois grupos, da Oficina de Teatro dos 7º e 8º ano.

- A divisão das turmas de Oficina de Teatro do 9º ano, de forma que não haja um excessivo número de alunos por aula.

- A inclusão, urgente, do teatro/expressão dramática no currículo do 2º ciclo.

- A inclusão, urgente, do teatro/expressão dramática no currículo do secundário.

- Serem proporcionadas condições, materiais e humanas, para que os cursos profissionais de teatro do secundário permitam efectivas profissionalizações, reconhecidas mo mercado de trabalho.

- A progressiva adequação das salas e aquisição de equipamentos para a prática da expressão dramática/teatro, devendo haver directrizes do M.E. no sentido dos projectos para novas construções escolares preverem este tipo de equipamento, bem como de outros espaços necessários para a educação artística.

-A criação de novos cursos superiores de teatro-educação, em particular, e de outras áreas e disciplinas do ensino artístico, em geral ( bem como o investimento nos já existentes), de forma a aumentar a qualidade e o número de formandos nestas áreas.

- O aproveitamento dos formados pelos cursos superiores de teatro/teatro-educação/ teatro-comunidade, artes performativas, animação artística e teatral, para o incremento do ensino artístico no sistema de ensino, mediante a articulação entre as universidades, Ministério da Tecnologia e Ensino Superior e Ministério da Educação, estabelecendo-se, também, as habilitações necessárias para exercício da docência.

- A criação de cursos destinados a promover a educação artística na sociedade, para lá do sistema de ensino oficial.

- O uso do audiovisual e da Internet, pela universidades e outra entidades formadoras, de forma a se alargar e democratizar o acesso ao ensino.

- A continuação da formação dos professores do ensino artístico efectuada em “escolas” de artes, o que não inviabiliza a colaboração e cooperação com outras áreas, nomeadamente com os departamentos de pedagogia.

Outros aspectos considerados relevantes:
- Os participantes no debate consideraram urgente e necessário, e por isso propõem ao CNE/DNE, a realização de um seminário (ou audição) sobre o ensino artístico, durante o mês de Janeiro, de forma a que esta área educativa seja abordada com dignidade e fundamento no relatório final do Debate Nacional sobre a Educação.

- Deverá haver uma aposta intensa, na próxima década, no sentido de melhorar e implementar, efectivamente, o ensino artístico no nosso sistema educativo. As artes proporcionam valores e competências, como a criatividade, que são transversais e imprescindíveis para os desafios e necessidades da sociedade actual.
A “tradicional” remissão do ensino artístico para o extra-curricular, tem impedido e continua a impedir, um verdadeira educação artística nas nossas escolas.


Relatores do debate: Painel 1 – Zarita Cadete; Painel 2 – Célia Martins
Nota: Por favor, anexar o programa do encontro (seminário / colóquio / reunião) em que teve lugar este debate e enviar para http://www.debatereducacao.pt/

5.3.07

A ILUSÃO TEATRAL - José Gil



por José Gil
(Professor Adjunto do Departamento de Comunicação da ESE)


A Ilusão Teatral


“Oh! Uma Musa de Fogo, que ascendesse ao mais luminoso céu da invenção um reino por palco, príncipes a representar e reis a observar a cena arrebatadora” Shakespeare

O Teatro e a Educação são actividades inconciliáveis, contudo desde os anos 60 se tem tentado com Calvet de Magalhães, Aldónio Gomes, Madalena Perdigão e tantos outros implementar o teatro nas escolas.

Os anos das grandes inovações surgiram, todavia, só após 1974. Em todo o país introduz-se na Formação de Regentes, Educadoras de Infância e Professores do 1º Ciclo, nos Antigos Magistérios Primários, a disciplina de “Música, Movimento e Drama”.

Surge então um 1º núcleo duro destas inovações, António Nóvoa (1), Victor Esteves, Carlos Fragateiro, Amílcar Martins, Avelino Bento, Carlos Cardoso, Isabel Alves Costa, Paula Folhadela, Maria do Céu Melo, Madalena Leitão, Manuel Guerra, Francisco Beja, Miguel Loureiro, Maria Santos e Tito Amorim e tantos outros

É de 1977 o documento que levanta o 1º problema conceptual: Teatro ou Expressão Dramática. Na linha da Tabela Brechtiana que opunha o Teatro Aristotélico ao Teatro Épico, Manuel Guerra e a sua Unidade Infância de Évora apresentam a seguinte tabela:

Teatro

Expressão Dramática

Produto

Percurso

Texto

Texto não obrigatório

Publico Obrigatório

Sem público

Com cenário decorativo

Sem cenário ou apenas um espaço vazio

Marcações

Sem marcações

Este mesmo ano marca o nascimento da APED – Associação Portuguesa de Expressão Dramática. Dá-se o primeiro encontro entre Professores portugueses e a professora do Québec, Giséle Barret, com largo percurso na área da Educação e do Teatro. Tal encontro calará profundamente em toda uma geração que já havia sido bastante marcada pelas perspectivas inovadoras de professores e Mestres do Conservatório Nacional tais como João Mota, Mário Barradas, Peter Brook, José Sasportes, Arquimedes dos Santos e tantos outros…

Vivemos, então, um época de graça que não se voltou a repetir e dificilmente se repetirá.

Ao relegar, nesta loucura bolonhesa, o teatro para as actividades de enriquecimento curricular, dão-se dois “cortes” epistemológicos.

Aproveitando-se da fragilidade do corpo docente na área da expressão dramática e teatro, corpo docente que raramente consegue a efectivação, criou-se ou acentuou-se a ideia de que o teatro é um puro divertimento, que não desenvolve competências autónomas, e que apenas serve para ocupar os tempos livres.

1º Corte - Pão, Circo e laranjas. Não é por mero acaso que as quatro expressões (Musical, Motora, Dramática e Plástica) ocupam agora apenas 30% dos currículos, pouco mais de 7,5%. O célebre LEC, Ler Escrever e Contar, voltou ao ensino com 30% cada. A ideia utópica de um teatro prático, desinibidor, criador de um espectador conhecedor e crítico da sociedade do espectáculo fica mais uma vez adiada para as calendas de jamais.

2º Corte – A transversalidade. Alguns tecnocratas da educação apontam a hipótese da transversalidade da expressão dramática no ensino da Língua, da Matemática, do Meio Físico e Social. Nada a opor. Contudo exige-se conhecimento, rigor, seriedade (não confundir dramatização com “bandalheira”; expressão dramática com o exercício puro da desorganização.

No momento em que a educação para os media e a educação do espectador (e do telespectador) mais necessitam de incentivos, parece-nos, desde já, urgente uma profunda e esclarecida manifestação de indignação por se comprometer a tão necessária criação de uma nova massa crítica… E exigir que se devolva ao teatro o seu original e originário espaço no contexto educativo.


(1) Actual Reitor da Universidade Clássica